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2 de maio de 2011

Professores devem promover novas formas de ensino, diz especialista alemão

Andreas Schleicher, diretor para Educação da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), fala ao Diário Catarinense sobre o dia da Educação

 

Responsável pelo Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa), coordenado pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), o alemão Andreas Schleicher aponta mudanças importantes no perfil do professor do século 21. Se antes o ensino seguia uma fórmula estanque, hoje, o desafio do educador é lidar com a diversidade em sala de aula. Mais do que isso: segundo o diretor para Educação da OCDE, ele deve personalizar o aprendizado para que todos tenham as mesmas chances de sucesso. Confira a seguir os principais trechos da entrevista, concedida por e-mail:

Diário Catarinense — Qual é o papel do professor do século 21?

Andreas Schleicher — O professor precisa equipar seus alunos com as competências que eles necessitam para se tornarem cidadãos ativos e trabalhadores do século 21. Ele precisa ser capaz de personalizar experiências de aprendizagem para garantir que todos os alunos tenham as mesmas chances de sucesso e deve conseguir lidar com a crescente diversidade cultural em sala de aula.

DC — Que características deve ter esse professor para que consiga cumprir bem esse papel?

Schleicher — Uma forma de responder isso é contrastar o que se esperava dos professores no passado e o que se espera deles agora. No passado, diferentes alunos eram ensinados de forma similar. Hoje, espera-se que os professores abracem a diversidade com práticas pedagógicas diferenciadas. No passado, o objetivo era padronizar. Hoje, é personalizar experiências educacionais. O passado era centrado no currículo. O presente é centrado no aluno.

DC — O que isso significa na prática?

Schleicher — Significa que os professores têm de reconhecer que as pessoas aprendem de maneira diferente. Eles precisam promover novas formas de levar o aprendizado ao aluno, que sejam mais propícias ao seu progresso. Outro aspecto importante é que, uma geração atrás, eles sabiam que o que ensinavam duraria para a vida toda. Hoje, os sistemas educacionais precisam capacitar as pessoas para que se tornem aprendizes perenes, para gerir formas complexas de pensar e de trabalhar. Tudo isso exige professores diferentes. Quando o ensino se resumia a comunicar conteúdos pré-fabricados, os países podiam ter professores de baixa qualidade. Hoje, o tipo de ensino exigido depende de professores com alto nível de conhecimento, que estejam em constante crescimento e que entendam de sua profissão. Mas aqueles que se veem assim não se sentem atraídos por escolas organizadas como linhas de montagem. Para atraí-los, os sistemas educacionais precisam transformar suas escolas em ambientes nos quais normas de gestão substituam formulários burocráticos, com status, remuneração, autonomia profissional e educação de alta qualidade e com sistemas eficazes de avaliação de professores, com planos de carreira diferenciados.

DC — No caso do Brasil, um país onde índice de analfabetismo ainda é alto, que tipo de professor o aluno precisa?

Schleicher — O Brasil tem feito progressos significativos na educação. Poucos países na América do Sul estão progredindo em ritmo semelhante. O desafio agora é equipar todos os professores, e não apenas alguns, para uma aprendizagem eficaz. Isso vai exigir repensar muitos aspectos, entre eles como otimizar os sistemas de recrutamento para que os candidatos mais qualificados sejam selecionados, como sua remuneração deve ser estruturada e como dar aos professores com as melhores performances oportunidades para adquirir mais status e responsabilidade. 


Fonte: DIÁRIO CATARINENSE

 

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